A História

A história - bumba meu boi

No Maranhão, a partir da década de quarenta do século XX, aconteceu forte imigração do Estado para capital. Vindos da baixada, procedemos de diferentes cidades e povoados, homens e mulheres passaram a se estabelecer nas margens da São Luís, principalmente no que hoje é conhecido como Bairro de Fátima, localidade próximo ao centro da capital. Conterrâneos, como é de costume geral, mudam de cidade, mas não as lembranças e alguns costumes. Deixam a terra, os entes queridos e os objetivos pessoais, mas levam consigo o que viveram, seus costumes, crenças e sua cultura. Assim surgiu o sotaque do Bumba–Meu–Boi da Baixada em São Luís.

A Fundação da Associação Cultural Santa Fé ocorreu sob coordenação de José de Jesus Figueiredo, o popular ‘’Mestre Zé Olhinho’’, Raimundo Miguel Ferreira (Mestre Raimundinho) e João Madeira Ribeiro (já falecido), abnegados e apaixonados boieiros do sotaque da Baixada, que reunidos, resolveram por criá–la à custa dos seus próprios esforços, gastando o pouco dos seus salários, demasiadamente empenhados no intuito de fazer o melhor quando a brincadeira saía às ruas.

Atualmente 18 membros compõem a diretoria, 40 integrantes no cordão, 20 Índios, 35 Índias, 35 Cazumbás, 20 Batuqueiros e um atuante grupo de apoio de aproximadamente 25 pessoas.

Referência para o Bairro de Fátima, onde está situado seu Barracão Sede, o Boi Unidos de Santa Fé possui 8 CDs, 1 DVD e 1 participação em DVD gravados e têm destacada atuação nas festividades culturais do Estado, muito requisitado para apresentações em arraiais públicos e particulares, levando a beleza de seu espetáculo, onde a batida das matracas e dos pandeirões são fortes e vibrantes, soando com altivez, harmoniosas toadas.

O Boi Unidos de Santa Fé, como a grande maioria de festas populares nacionais, desenvolve–se em forma de Brincada de Roda. Inicia o ritual com a entrada dos Bois, Mãe Catirina, Pai Francisco, Burrinha e Cazumbás, estes últimos, na função de ‘’proteção de terreiro’’ seguido pelos Cantadores acompanhados pelos Batuqueiros, Índios, Índias e Baiantes.

A brincadeira transcorre com o Cazumbá e seu chocalho, personagem misterioso, engraçado e chegado a uma traquinagem, volteando pelo terreiro, ora espalhado, ora enfileirado. Os Índios e Índias, entrincheirados, evoluem dentro do cordão evidenciando a força matriz da nação brasileira, ‘’pulando’’ vigorosamente em seus trajes de penas, colares e lanças. Aos Baiantes é dada a função de limitar as margens da brincadeira com seus portentosos chapéus de penas e fitas, bem como suas roupas de brilho, estribilhantes matracas e canto de refrões.

Os Cantadores dão enredo ao sotaque da brincadeira, cantando toadas e contando histórias, por vezes relembrando a baixada maranhense deixada há muito tempo atrás na infância e juventude. Os Batuqueiros mantêm o ritmo com força e precisão das batidas dos pandeiros e ritmo cadenciado do tambor onça.

E finalmente temos os Bois, principais personagens que dão o nome ao folguedo, ‘’rolando’’ com os vaqueiros, em harmoniosa sincronia, desenvolvendo belíssimas e envolventes sequências bailadas em aproximações e afastamentos. Pai Francisco e Catirina, observam de longe o precioso do amo – o boi, escapando das chifradas do personagem/ animal, com a mulher grávida e desejosa de comer a língua do boi, azucrinando a paciência do marido. A Burrinha, com seu trote, acelerado e meio desajeitado, nos lembra, com maior ênfase, a vida do nordestino e do amazônico, margeadamente perambulando e ajudando a conduzir a roda da brincada.